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segunda-feira, 4 de maio de 2015

A ascensão do Humaitá com a chegada da Arena do Grêmio

Foto: www.skyscrapercity.com
Em dezembro de 2012, com a inauguração da Arena do Grêmio, houve uma grande transformação na vida dos moradores do Humaitá, em Porto Alegre. A mudança da casa do Grêmio para o bairro na zona norte da capital provocou um “renascimento” do local.

A valorização do bairro é um fato. Terrenos que, durante a construção da Arena passaram a valer o dobro do preço original, hoje podem custar muito mais que o triplo. Essa é a atual situação econômica do bairro. A nova casa do Grêmio trouxe um aumento significativo para o mercado imobiliário da região. Segundo a Bello Imóveis, os preços podem estar até 80% maiores. De acordo com os corretores, a tendência é de que a valorização do Humaitá continue crescendo.

Para os comerciantes locais não é diferente. A construção da Arena do Grêmio é sinônimo de sucesso. Com a circulação de torcedores nos arredores do estádio, donos de estabelecimentos comerciais aumentam seu número de vendas e, consequentemente, garantem um lucro 20% maior que antigamente.

Lenir da Silva é um exemplo de proprietária que mudou seu cardápio para contemplar os novos frequentadores do bairro. Dona da pizzaria Sabor Especial, que fica próxima à Arena do Grêmio, a comerciante viu seu lucro aumentar desde sua construção. Durante as obras, a pizzaria introduziu em seu cardápio um buffet de comida caseira para atender os funcionários que estavam trabalhando nas obras da Arena. Hoje, após o fim das obras, o estabelecimento teve que aumentar os estoques de cervejas para atender os torcedores que procuram intensamente – e às vezes exclusivamente – esse produto.

A comerciante explica que seu público mudou. Antigamente, as famílias e moradores do bairro eram seus principais clientes. Hoje em dia são os torcedores. A visibilidade que a Arena do Grêmio trouxe para o bairro fez com que o número de clientes aumentasse. Lenir projeta que suas vendas aumentem ainda mais com a conclusão das obras na infraestrutura do bairro. “Com certeza, as vendas aumentaram muito com a chegada da Arena ao bairro. Calcula-se que em torno de 20%”, comemora.

A diferença de clientes em dias normais e dias de jogos é gigantesca. Veja abaixo, no infográfico, esses números representados:



     Confira a entrevista com a proprietária da pizzaria Sabor Especial:




Flávio e sua vista para a Arena. Foto: Carolina Schaefer.
Diferente dos comerciantes, que comemoraram com a presença da Arena do Grêmio no bairro, os moradores se preocupam com o futuro de suas casas. Flávio Roberto Dias é morador do Humaitá há 17 anos. Com uma casa humilde na avenida Padre Leopoldo Bretano, Flávio acorda todos os dias com uma vista espetacular: a arena que ele ajudou a construir. O pedreiro era contratado da empreiteira OAS e trabalhou tanto na construção da Arena como dos edifícios ao lado, o complexo chamado de Liberdade.

Flávio aceita o futuro do Humaitá. Diz que por ter vivenciado com engenheiros e responsáveis pelas grandes obras do bairro, já imagina sua vida longe dali. “O primeiro prédio (Liberdade 1) tá pronto, falta o Liberdade 2 e 3. Quando tiver o shopping e o centro comercial, isso aqui se transformará em um bairro luxuoso de Porto Alegre. Dentro 12 anos sairão todos os moradores daqui. O problema é que receberemos um valor pelos nossos terrenos muito abaixo do que valem hoje em dia. Provavelmente comprarão em lotes”, comenta.
O morador se mantém informado sobre as notícias do seu bairro. Segundo Flávio, 48 famílias – com ele incluso – estão cadastradas no DEMHAB (Departamento Municipal de Habilitação de Porto Alegre) e teriam direito de receber pelos seus terrenos. Mas cerca de 25 mil moradores do Humaitá, todos pelo lado da rua Voluntários da Pátria, ficariam sem nada, pois invadiram as terras da capital.

A única lamentação de Flávio é que a segurança não mudou com a construção da Arena no bairro. “Achei que seria mais seguro aqui, afinal, agora temos um dos melhores estádios do país. Só que a polícia não tem culpa. Não tem o que fazer aqui, é muita gente. Aqui nessa área que todo mundo vê da faixa ou da ERS-448, tem 25 mil moradores. É uma favela de superfície plana, violenta. Impossível de controlar”, acrescenta.

O presidente Romildo Bolzan, em seu plano de governo, lançou um projeto de integração do time no Humaitá. Segundo ele, o Grêmio atuará como um agente social no bairro. O projeto posto em prática pode melhorar a qualidade de vida dos moradores contribuindo também para uma maior valorização do bairro.


         Planos de Romildo Bolzan para o bairro, caracterizando-o como bairro do Grêmio.

É impossível saber o futuro do bairro Humaitá e de seus moradores. Segundo eles, a evolução do bairro faz parte do progresso de Porto Alegre. Que a supervalorização continue acontecendo, mas de forma não prejudicial para ambos os lados.

Para acessar nossa galeria de fotos, clique AQUI.


Carolina Schaefer, Eduardo Brandelli, Leonardo Barragana e Michel da Rosa

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